06/09/2018

ELIZABETH CHANG - UM PAPO SOBRE CARREIRA

Foto encontrada aqui
Me contactaram perguntando se eu gostaria de entrevistar Elizabeth Chang. Eu disse sim. Só depois fui pesquisar quem era, e gostei do que encontrei. 

Elizabeth é uma violinista que participa de vários projetos interessantes - inclusive trabalhando na organização desses eventos - e foi/é professora de vários brasileiros que foram estudar com ela na Universidade de Massachussets Amherst, além de ensinar jovens talentos no programa preparatório da Juilliard. 

Ela veio ao Brasil em maio de 2018 para uma pequena turnê de masterclasses e concertos. Essa foi a nossa conversa:


Helena Piccazio - Bem-vinda ao Brasil! É sua primeira vez aqui?

Elizabeth Chang - Não, não. Eu estive aqui em 1999, toquei alguns concertos e dei masterclasses num festival que acho que aconteceu só uma vez.

Helena - Então é sua segunda vez?

Elizabeth - Sim, segunda vez.

Helena - Eu estava lendo sua biografia e diz que você também faz bastante administração em música.

Elizabeth - Correto. Isso é uma coisa que aconteceu bem organicamente, eu comecei um festival com meus amigos 24 anos atrás em Cape Cod, o Lighthouse Chamber Players. Eu estava no começo da minha carreira, e eram apenas concertos com amigos. Aprendi a montar concertos quase que por acidente e aí fui incorporada por uma organização não lucrativa. Isso se desenvolveu gradualmente, mas esse foi certamente meu primeiro projeto desse tipo. E de repente eu estava envolvida no comecinho do programa intensivo para quartetos de cordas da New York University Workshop de verão. No outono seguinte eu montei meu próprio workshop em uma escola para cordas onde eu trabalhava na época, que deu muito certo. Mais recentemente eu me dei conta de que na Universidade de Massachussets (UMass) - onde leciono há 13 anos - nós tínhamos todos esses recursos, músicos e compositores maravilhosos bem ali, mas tínhamos que criar uma estrutura para mostrar isso. Tínhamos que concentrar nossas energias, porque nossos excelentes músicos e compositores estavam sempre indo pra outros lugares para mostrar seu trabalho. Então criamos um fim de semana para isso, o Five College New Music Festival. É um fim de semana com 6 concertos em três dias dedicados à música nova. As pessoas ficam esperando por esse evento! Tem 70 pessoas envolvidas, contando os convidados, mas a maioria é gente nossa, incluindo alunos. Meu último projeto grande na Universidade é o Bach Festival, que também é organizado por meus colegas. Além dos concertos tem os simpósios, então tem um componente acadêmico e um componente de performance.

Helena - Como é esse componente acadêmico?

Elizabeth - Os acadêmicos proeminentes em Bach dão palestras, o que também inclui docentes de outras universidades e estudantes. Isso tudo em um nível muito alto. É quase como se fossem dois eventos paralelos. E tem sido um dos pontos altos da Universidade. Eu percebi que, especialmente quando o apoio institucional está começando a ir embora e as nossas orquestras estão enfrentando dificuldades reais, meus alunos saem para o mundo e não é óbvio como suas carreiras serão. Olho ao redor e muitos dos meus colegas mais ativos da minha idade estão fazendo coisas parecidas, realmente tomando as rédeas de suas carreiras, organizando coisas e fazendo acontecer.

Helena - Criando…

Elizabeth - Criando uma vida para si mesmos e se preenchendo artisticamente, mas também tentando se conectar com a comunidade e fazendo isso ter sentido em qualquer contexto.

Helena - Isso é muito legal! E todos esses eventos nos quais você tem estado envolvida administrando, em algum deles a ideia não foi sua?

Elizabeth - Hum… acho que todas essas foram ideias minhas. (risos)

Helena - E quais são as habilidades que uma pessoa precisa ter para começar a fazer isso com sucesso?

Elizabeth - Acho que as habilidades de colaboração são muito importantes, você tem que conseguir se comunicar bem com seus colegas, tem que trabalhar com diferentes tipos de pessoa e entender com o quê e como elas podem contribuir, e como se adaptar para dar espaço à essa contribuição. Nem todo mundo consegue fazer tudo, tem que se aprender isso. Penso que encontrar os parceiros ideais é incrivelmente importante, e a partir daí ser realista sobre como trabalhar junto. Eu realmente curto o processo colaborativo de montar um evento, nos dois maiores festivais eu fui parte da gênese. Foi realmente um esforço colaborativo e ganhei um parceiro muito forte para o UMass Five College Festival e 2 ou 3 parceiros muito fortes para o Bach Festival, trabalhamos como um time todo o tempo e ficamos muito bons em dividir as coisas, sem tentar controlar tudo, entendendo que tem que dividir as coisas.

Helena - É realmente como música de câmara!
Lighthouse Chamber Players. Foto encontrada aqui

Elizabeth - É sim, é sim…

Helena - Você acha que sua extensa carreira em música de câmara te ajudou nisso?

Elizabeth - Acho que mesmo aí não é todo mundo que é bom nisso (risos). Penso que música de câmara é o lugar perfeito para trabalhar a colaboração, mas não é sempre que acontece…

Helena - Entendo o que você está dizendo. Essa capacidade de colaborar é um talento ou uma habilidade?

Elizabeth - Bem… os dois. Você pode ter um pouco mais de instinto natural, mas também pode trabalhar isso. Acho que, como professora, isso é algo em que foco bastante, o processo de trabalhar junto tem que estar lá, senão não vai funcionar.

Helena - Você estudou em Harvard, certo?

Elizabeth - Sim.

Helena - Qual curso?

Elizabeth - Inglês.

Helena - E você acha que esse curso em Harvard te ajudou a lidar com a administração?

Elizabeth - Acho que pode ter dado uma confiança em termos de sair do mundo musical quando preciso. Agora eu estou de volta ao ambiente universitário então me sinto em casa saindo das artes. Mas, sabe, eu mesma tive um treino musical bem intenso quando jovem, no Pre-College da Juilliard. E acho que eu tinha uma forte habilidade colaborativa e isso é sempre útil. Habilidades de comunicação vieram com o tempo (risos), elas não eram instinto, em termos de coisas verbais.

Helena - Mas você estava aberta a aprender, você sabia que teria que ter isso, e foi atrás.

Elizabeth - Acho que isso também simplesmente aconteceu. “Puxa, aquilo não funcionou, deixa eu pensar sobre isso”.

Helena - Eu entendo que o ato de se observar e tentar melhorar é estar aberta a aprender. E qual a parte mais difícil da administração em artes, como criar um festival?

Elizabeth - A parte inicial do projeto é tão excitante que tem uma vida própria. Quando a coisa já está toda no lugar, eu fico um pouco menos interessada, porque fica mais rotineiro. É a parte artística de resolver a música, o que você quer no programa, como juntar as coisas que é mais interessante. Depois é essencialmente preparar a estrutura, administrar para ser um artista.

Helena - Porque eu tenho a impressão, corrija-me se eu estiver errada, de que a primeira parte de criar algo é sobre ter ideias e fritar o cérebro sobre como isso pode funcionar, o que vamos tocar, quantos dias. E aí depois que essa estrutura, esse esqueleto da coisa toda está preparada, você tem que colocar isso em prática, tem que falar com pessoas, encontrar o dinheiro, ver se as locações estão ok, então não é mais sobre ter ideias artísticas.

Elizabeth - Certo, e tem muita logística envolvida. De fato, agora mesmo eu respondi e-mails para o Festival Bach de maio de 2019. Então detalhes muito granulares estão sendo discutidos, esse é um projeto massivo com centenas de pessoas envolvidas, e tenho que ter certeza de que tudo foi bem pensado. Para voltar à sua pergunta sobre o que é mais desafiador, eu acho que para algumas dessas situações o público é muito natural, e a energia acontece sem ter que procurar, mas o que estamos encontrando, pelo menos nos Estados Unidos agora, é uma lacuna de gerações onde o público é mais velho e as pessoas não são educadas a escutar e ir a concertos.

Helena - Não tem proximidade?

Elizabeth - Sim, não tem um movimento natural. Não é mais suficiente montar um concerto e esperar que as pessoas venham. Acho que isso é um problema para muitas organizações de arte pequenas. Como disse, meus projetos diferentes tem desafios diferentes. Quando a energia está concentrada na comunidade, e envolve muitas pessoas, não tem problema com público. Mas num festival ou série pequena de música de câmara, todo mundo está sempre tentando gerar mais interesse no público. Não se alcança necessariamente o público natural, mas entre as pessoas mais jovens existe essa tentação, tem um interesse genuíno da geração um pouco mais nova em gêneros misturados e world music.

Helena - Ser diferente é legal.

Elizabeth - Sim, e aí é um interesse muito genuíno e acho que isso também traz essas pessoas aos concertos. Mas, honestamente, não é isso que faço, faço uma programação de música de câmara um pouco mais tradicional, o que eu acho que tem seu lugar, certo?

Helena - São 7 bilhões de pessoas no mundo, toda arte tem um lugar.

Elizabeth - As instituições maiores nos Estados Unidos, em Nova York, também estão passando por dificuldades para ter público, tentando achar um modo de se reinventar, tocar concertos em lugares não tradicionais.

Helena - Indo à comunidade ao invés de…

Elizabeth - Isso, isso. Quero dizer, tem um tremendo valor nisso, mas não parece existir uma solução óbvia, então todo mundo continua tentando (risos). Acho que, de uma certa forma, organizações pequenas têm muito mais flexibilidade porque podemos fazer e mudar coisas rapidamente, tem mais lugar para experimentação.

Helena - Você acha que pode ser também porque uma organização pequena não está atrelada à uma identidade maior? Como uma grande empresa seria?

Elizabeth - Acho que mesmo as grandes instituições estão tentando, mas sim, a identidade delas é uma coisa realmente importante, então isso é bem verdade. O Metropolitan tentou ações mais inovadoras, às vezes tem sucessos, às vezes desaparece. Eles tem o público deles, não estão necessariamente atraindo novos espectadores.

Helena - Eu li algo 1 ou 2 anos atrás onde o diretor deles estava falando sobre isso, sobre como é importante tentar coisas novas. Eu adoro quando tentam montagens novas de óperas.

Elizabeth - As produções são uma coisa, mas mesmo só apresentar obras mais novas não é tão fácil, porque a música nova agora tem sua comunidade. Música contemporânea pode ser muito séria e espinhosa - e nesse caso, claro, menos popular -, mas também tem música nova que vai na direção pop, tem peças na corrente de todos os tipos de compositores, e aí o público já é fracionado.
Foto que tirei durante seu recital solo
no Instituto Brincante.

Helena - E o que você mais gosta sobre ser uma administradora em artes?

Elizabeth - Eu não me vejo realmente como uma administradora em artes, acho que isso é uma parte de quem eu sou. Passo uma quantidade de tempo igual dando aula e tocando, dependendo da época do ano. Eu penso que são bolsões de atividade que se retroalimentam, como a combinação tradicional “instrumentista/professor”, todo mundo sabe que você é um melhor instrumentista quando ensina, e melhor professor quando toca. E me sinto de forma similar sobre a administração. Vejo isso especialmente em meus alunos antigos, e tento me modelar a partir deles, quando os observo sendo práticos sobre encontrar um caminho para si mesmos que seja artisticamente gratificante, mas também apenas criando coisas, quero dizer, não tem muita gente que vai sair da universidade direto para um emprego numa orquestra e se estabilizar. Sabe, não é mais isso, é muita gente para pouco emprego.

Helena - Então você tem que criar o seu próprio espaço. Você lembra de alguma história memorável, ou engraçada de quando estava organizando um evento?

Elizabeth - Não tem nenhuma história singular que se sobressai na minha cabeça… Mas tem essa espécie de padrão geral, como o stress incrível do começo. Na segunda e terceira vez fica bem mais fácil, você já sabe que é possível. Mas tem esse senso no início, de não ter certeza nenhuma se vai acontecer, como vai acontecer, não enxergar o caminho, é excitante mas é estressante. Quanto mais eu faço, mais confiante eu fico de que é possível.

Helena - Tem alguma coisa que você pensou que seria absolutamente impossível, mas que depois viu que estava feito?

Elizabeth - Eu sou muito prática, quero dizer, para o nosso Bach Festival, arrecadar dinheiro foi muito difícil, um pouco aqui, um pouco ali, costurando uma colcha de retalhos. Na segunda e terceira vez a universidade disse “Ok, isso é bom.”, e aí eles nos ajudaram bem mais.

Helena - Então para esse festival você foi atrás de dinheiro na universidade ou fora dela?

Elizabeth - Consegui muitos subsídios dentro da universidade, mas fui atrás de dinheiro de fora também, entendendo o que precisa para fazer um orçamento funcionar, levantando recursos privados, apresentando o projeto para instituições de estímulo à arte sem fins lucrativos, com prestação de contas no final, como um edital.

Helena - E você dá muitas aulas de violino também?

Elizabeth - Muitas! (risos)

Helena - É a sua atividade principal?

Elizabeth - Sim.

Helena - Você ensina há quanto tempo?

Elizabeth - 25 anos?…

Helena - Isso é muito tempo! Muita experiência!

Elizabeth - Sim, muita experiência. Tenho 2 tipos muito diferentes de alunos, tem os muito jovens em Nova York, no Juilliard Pre-College, de 8 a 18 anos. E aí eu tenho alunos do bacharelado e pós-graduação na Universidade de Massachussets.

Helena - E quais são as diferenças entre essas idades e estágios de aprendizado?

Elizabeth - Bem, com as crianças muito novas você está frequentemente trabalhando com um dos pais, e a concentração da criança não é igual à de um adulto, se bem que alguns conseguem… Então você é mais paciente de uma certa maneira, tem que explicar as coisas de um outro jeito, e você conta com a ajuda dos pais, pelo menos para crianças com menos de 12 anos. Geralmente eu consigo puxa-los bastante tecnicamente, e a tensão é mais fácil de resolver numa pessoa mais jovem, porque está apenas começando. Com pessoas mais velhas eu na verdade tenho o problema de que são alunos bons demais, e a sua concentração os acaba trancando fisicamente. Nesses casos tenho que achar outro caminho, tentar explicar como lidar com isso, porque tensão é uma parte tão grande do que estou tentando consertar no instrumentista, em termos de técnica. E também temos que falar sobre como gerenciar a mente, que é um problema que todo mundo tem.

Helena - Você usa ferramentas de psicologia da performance?

Elizabeth - Eu penso sobre isso sim. Sabe, faço muitas studio classes (aulas com todos os alunos de violino juntos onde cada um se apresenta individualmente para o resto da classe), em Massachussets tem duas por semana, uma para repertório e uma para técnica. É uma experiência de performance e eles já estão mais familiarizados com isso, o que é importante. Quando pessoas mais jovens tocam elas frequentemente não ficam inibidas, então não é um assunto que eu tenha que abordar realmente. Mais tarde, no meio da adolescência, elas começam a ficar mais conscientes de si mesmas, cientes do que pode acontecer, e se preocupam com isso…

Helena - As consequências…

Elizabeth - Bem, na verdade nunca tem nenhuma consequência, qual o pior que pode acontecer?

Helena - Bem… na mente de um adolescente se alguém que você gosta não curte a sua performance, isso já é uma consequência!

Elizabeth - Verdade… e claro, as apostas começam a ficar bem altas, você tem testes e tal. Com meus alunos mais velhos, dependendo do histórico deles, ficar psicologicamente forte é uma parte importante do que eu tenho que pensar, como gerenciar o estudo e endereçar o que vai precisar na performance. É um assunto imenso.

Helena - Você me contou que nunca foi à escola para aprender a ser professora, nunca fez um curso, apenas aprendeu da experiência?

Elizabeth - Sim, isso.

Helena - Mas aposto que você leu alguns livros.

Elizabeth - Eu li livros, e conversei muito quando eu estava numa atmosfera em NY onde eu estava falando com muitos professores, trocando, observando.

Helena - E quais livros você recomenda para pessoas que querem ensinar bem?

Elizabeth - Simon Fischer, nos seus livros de base, coloca de forma muito clara algumas das questões que aparecem. Acho que dá para entender o que é tocar violino de forma abstrata, mas você precisa ser capaz de ver o que o aluno precisa de forma objetiva, e também de forma muito individual. Por exemplo, eu vi e vivenciei professores que realmente entendem o funcionamento e tocam muito bem, mas não conseguem transferir esse conhecimento para um aluno individual e entender por que, e de onde exatamente as questões deles estão vindo. Às vezes é muito difícil simplesmente sair fazendo isso, mas é definitivamente o que eu procuro: como você sente isso? como é isso pra você? de onde isso vem? por que? E acho que é muito importante ser imaginativo nessa observação, porque como eu fui treinada desde muito pequena, são coisas que pessoalmente eu não vivi, mas passei muito tempo empatizando com meus alunos.
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Helena - E cada aluno aprende de um jeito.

Elizabeth - E também te dá humildade, quanto mais você ensina, mais você se dá conta de que “ok, talvez isso funcione.”, não dá para adivinhar e acertar tudo, é difícil ser responsável por todos os caminhos possíveis.

Helena - E sobra tempo para estudar?

Elizabeth - Sim, eu acho. Quero dizer, meu filho acabou de se mudar para ir à universidade, então parece que tenho mais tempo. Mas eu costumava leva-lo para a escola, concentrar minhas aulas, ficar livre a tarde toda, e quando ele era pequeno, coloca-lo para dormir e depois ir estudar. 

Helena - E você tinha quanto tempo para estudar?

Elizabeth - Se eu estivesse me preparando para algo importante, eu tentaria estudar 2 horas por noite.

Helena - E como você dividiria esse tempo?

Elizabeth - Eu sempre toco escalas como aquecimento, calibro meus dedos, acho meu som, fico segura de que estou bem equilibrada, gasto uns 15, 30 minutos fazendo isso. Às vezes toco um estudo só para ver como as coisas básicas estão. Geralmente extraio alguma questão técnica do repertório que vou tocar e aí, dependendo do tempo disponível, tento ter meu tempo exploratório para descobrir como vou fazer determinada coisa, e meu tempo de continuidade pra ver como a coisa toda se segura junta enquanto performance. E aí é só cuidar do ritmo de estudo, para ter certeza de que toquei a apresentação do começo ao fim vezes o suficiente.

Helena - Uau. É um monte de coisas, e me parece que você é muito inteligente e realmente gosta de observar coisas. Porque com as 3 coisas - tocar, ensinar e administrar - você está observando, prestando atenção, entrando em ação.

Elizabeth - Vou te contar sobre isso, eu penso tanto sobre eficiência que às vezes é muito absurdo, mas isso é uma parte grande do que eu faço, está sempre na minha mente. Também porque não tenho muito tempo, fico indo para Nova York todo fim de semana. Então estou sempre tentando pensar em como não desperdiçar o meu tempo, nem o das outras pessoas. Mas quando você é estudante, e quando ensino meus alunos, é necessário esse tempo incontável, porque precisa dar espaço para as coisas se desenvolverem. Você não consegue estruturar exatamente quanto tempo é, porque eles não se conhecem o suficiente para entender como o progresso vai acontecer, ou precisam se desenvolver de uma forma subconsciente, então esse é o luxo da vida de estudante. Aprendi a ser mais paciente comigo mesma também, às vezes me olho e penso “Ok, isso talvez precise sentar no meu subconsciente por um tempo, permitir que se desenvolva.”, porque minha inclinação é tentar resolver tudo imediatamente.

Helena - Você já teve dores ou tensão excessiva por tocar? Como você lidou com isso?

Elizabeth - Não de verdade, um episódio ou outro, um pouco de fisioterapia para fortalecer algumas partes. Acho que em algum ponto todo mundo precisa prestar atenção nisso e eu nem sempre o faço, honestamente. Tenho alguns amigos que tocam no Metropolitan, eles estão todos fazendo fisioterapia para ter certeza de que estão fortes do jeito certo, mesmo que não sejam super malhados. Todo mundo se lesiona em algum momento por tocar. Mas eu não passo por esse tipo de stress orquestral, então não sofro as mesmas coisas.

Helena - Mas você faz algo físico, como alongamento, aulas de ioga ou algo assim?

Elizabeth - Não, mas eu acho uma boa ideia. (risos) E tem alguns alongamentos básicos e coisas que as pessoas frequentemente fazem.

Helena - Tem algo que eu esqueci de perguntar ou algo que você gostaria de dizer?

Elizabeth - Eu amo estar aqui no Brasil. Acho que as relações humanas aqui são encantadoras, e isso é algo que eu tenho que me lembrar quando a eficiência é minha prioridade central, de fazer espaço para essas relações.

Helena - Muito obrigada!

A série de selfies que já virou um clássico do Papo de Violinista: eu e Elizabeth Chang.

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Os agradecimentos desta entrevista vão à Felipe Secamilli, muito obrigada! =)

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