29/04/2019

COMO EU AQUEÇO - RACHEL BARTON PINE, parte 2

Esta é a segunda parte da entrevista com a violinista Rachel Barton Pine, a primeira parte está aqui no link:



Helena - Você usa estudo mental?

Rachel - Bastante! Sim! Especialmente para memorização, acho muito útil. Mas mesmo para pensar a musicalidade às vezes. Você pode ficar tão distraído pela execução técnica, que as frases não saem tão bonitas quanto gostaria. Então ocasionalmente eu canto como quero tocar, ouço dentro da minha cabeça e só depois pego o violino e toco. Mas em termos de uma sessão inteira de estudos sem o violino, na maior parte é para memorização. E também tem muito trabalho de preparação sem o violino: estudar a partitura, escutar gravações, contexto histórico, ler sobre o compositor…

Helena - Isso aparece bastante no modo como você toca, todo esse estudo. Outro assunto: muita gente fala sobre estudar oito, dez horas por dia… 

Rachel Barton Pine e o naipe de violinos mais legal do mundo:
os Segundões da OSM
(oficialmente conhecido como naipe de segundos violinos
da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo)
Rachel - Gosto muito de falar sobre isso, porque acho que tem esse erro de concepção, de que se você quiser ser melhor tem que estudar mais horas. Em primeiro lugar: pessoas diferentes têm personalidades diferentes e tem gente que só consegue estar focada por um tanto de tempo. Honestamente, quando você está no palco aos 30 anos de idade, ninguém sabe e nem se importa se a primeira vez que tocou aquela peça foi quando você tinha oito anos de idade, 12, ou 15. Tudo o que importa é: você tem alguma coisa significativa para dizer com essa peça agora? E talvez a pessoa que aprendeu quando tinha oito anos não tenha desenvolvido isso. Então acho que se preocupar em ser o mais jovem ou o mais rápido não traz em si nenhum significado. E digo isso sendo uma pessoa que era, de fato, muito avançada quando era muito nova.

22/04/2019

COMO EU AQUEÇO - RACHEL BARTON PINE, parte 1

Não me lembro exatamente como, mas eu cheguei nesse vídeo aqui, do Parabéns a Você mais impressionante que eu vi na vida. 



Era Rachel Barton Pine, e eu virei fã inconteste. 

Alguns anos depois eu leio o nome dela na programação da orquestra onde toco, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Imaginou minha euforia?

Ela veio em agosto de 2018 e subiu pela primeira vez ao palco do Theatro Municipal de São Paulo para tocar com a gente. Foi a solista da Serenata para Violino e Orquestra de Leonard Bernstein, peça em 5 movimentos, obra de um lado mais modernoso do compositor. Deu bis nas duas apresentações e foi tudo um deleite.

Rachel topou dar a entrevista com muita simpatia e foi muita conversa, bem mais além do aquecimento. O tempo todo ela conversou de modo franco e com o violino na mão - o Guarnerius Ex-Bazzini Ex-Soldat! - demonstrando tudo que falava. 

Eis aqui a primeira parte do papo que tivemos. Espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei.