23/07/2017

ESTÁ DESMOTIVADO? PARA DESEMPACAR, UMA PERGUNTA SIMPLES.

por Dr. Noa Kageyama, publicado originalmente no blog do site The Bulletproof Musician

Foto encontrada aqui

Objetivo é um ingrediente absolutamente essencial em qualquer receita para o sucesso. Afinal, se você não tem um destino em mente, é improvável você chegar lá assim por acaso.

Ainda assim, os objetivos em si mesmos - não interessa quão inspiradores - são coisas bastante passivas.

Também precisamos de próximas ações.

O que são próximas ações?

Uma próxima ação é exatamente como soa: literalmente a próxima ação, aquela que te deixa um passo mais perto de onde você quer chegar. Digamos que você gostaria de dirigir até São Francisco. Esqueça os mapas de papel gigantes AAA dobráveis. Esqueça MapQuest. Hoje em dia, tudo o que você precisa fazer é ligar o seu dispositivo GPS, colocar o endereço (seu objetivo) e seguir as instruções passo-a-passo (suas próximas ações).

O objetivo de ter um dispositivo GPS é gerar as próximas ações, porque invariavelmente é impossível chegar ao seu destino final em uma única etapa. Chegar em São Francisco é o resultado final de uma série de ações únicas, e cada uma delas levou você um passo mais perto do seu destino.

Do mesmo modo, uma pessoa não se torna o primeiro clarinetista da Filarmônica de Los Angeles em um só passo, ganha o Concurso Rainha Elisabeth em um só pulo gigante, ou entra no Instituto Curtis da noite pro dia. O problema é que a gente tende a se concentrar demais no resultado e nas últimas etapas memoráveis que nos levaram até lá. Em outras palavras, é fácil lembrar-se de arrasar na audição e esquecer todo o tempo extra na sala de estudo, as audições simuladas, treinamentos, estudos mentais e outras preparações que foram realmente responsáveis pelo resultado bem sucedido.

Na verdade, essas ações menos glamourosas do dia a dia são as únicas coisas sobre as quais temos controle direto. Quando a gente chega na audição propriamente dita, a banca entra e o nosso destino já não está completamente em nossas mãos.

Por que o "caminho" é tão importante quanto o destino

Um jovem viajou pelo Japão para a escola de um famoso mestre de arte marcial. Quando chegou ao dojo, o sensei o concedeu uma audiência.

“O que você deseja de mim?” O mestre perguntou.

“Eu desejo ser seu aluno e o melhor carateca dessa terra”, o menino respondeu. “Quanto tempo devo estudar?” 

“Pelo menos dez anos”, o mestre respondeu.

“Dez anos é muito tempo”, disse o menino. “E se eu estudasse duas vezes mais do que todos os seus outros alunos?”

“Vinte anos”, respondeu o mestre.

“Vinte anos! E se eu praticar dia e noite com todo o meu esforço?”

“Trinta anos”, foi a resposta do mestre.
“Como é que cada vez que eu digo que vou trabalhar mais, você diz que vai demorar mais?” O menino perguntou.

“A resposta é clara. Quando um olho está fixo no destino final, resta apenas um olho com o qual encontrar o caminho.”

Voltando aos trilhos

Não é por acaso que os dispositivos GPS exibem apenas uma curva por vez. Considerando que a única curva sobre a qual você pode fazer alguma coisa é a próxima, qualquer informação adicional na tela seria apenas uma distração irrelevante.

Ao contrário da telinha do GPS, a vida está cheia de distrações, e é fácil perder de vista nosso destino e nosso caminho. Acabamos desperdiçando um belo pedaço de tempo todos os dias - tempo que poderia ter sido usado na preparação para um teste. Não apenas estudando mais, mas descansando mais, ouvindo gravações, relaxando com amigos, fazendo algum exercício, fazendo estudo mental, memorizando a partitura sem o instrumento, e mais.

Você já desejou ter mais tempo em um dia? Bem, não podemos criar mais tempo, mas podemos reivindicar mais dele se tivermos as próximas ações claramente identificadas, e usarmos mais do nosso tempo fazendo as coisas que nos ajudariam a ser mais bem sucedidos. Por exemplo, você sabe quanto tempo extra você pode "ganhar" ao longo de um ano se você reivindicar apenas 30 minutos por dia? 182,5 horas. Isso é como espremer um mês e meio extra de sessões de treinamento de 4 horas por dia em um ano. Um mês e meia extra! Ou, eu suponho, você poderia assistir todas as oito temporadas de 24 da capo ao fim.

Acesse o seu GPS interno e consiga fazer tuas coisas

Na minha experiência, nós podemos acessar nosso GPS interno fazendo a seguinte pergunta:

O que eu estaria fazendo agora se eu levasse  _______  a sério?

Por exemplo: O que eu estaria fazendo agora mesmo se eu levasse a sério o teste da [inserir nome da orquestra aqui]?

Você pode imprimir essa folha
para escrever suas próximas ações.
Ou, O que eu estaria fazendo agora mesmo se eu estivesse falando sério sobre entrar na naquela competição tal?

Se você é um pouco como eu, vai perceber que tem um sistema GPS interno muito mais perspicaz do que achou. Sempre que me faço essa pergunta, me pego elaborando uma longa lista de coisas que eu poderia estar fazendo. Como um bônus adicional, também me pego mais resolvido e determinado a começar a tratar dessas várias tarefas. Talvez eu seja um pouco entusiasmado demais com listas, mas tem algo sobre ver esse elenco de coisas fáceis de fazer, e que me aproximam do que eu quero, me olhando bem na cara. Isso me faz querer fazê-las e riscá-las da minha lista.


O resumo de uma frase

"Dizem que o tempo muda as coisas, mas na verdade você é quem tem de mudá-las.” ~ Andy Warhol


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Dr. Noa Kageyama é um violinista que resolveu partir para a área da Psicologia da Performance e hoje integra o corpo docente da Juilliard School e New World Symphony em Miami, além de ser convidado das principais instituições de ensino de música nos EUA, ensinando músicos como tocar o seu melhor sob pressão através de aulas ao vivo, treinos e um curso on-line.

Tradução autorizada, por Helena Piccazio.

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