Esta é a segunda parte da entrevista com a violinista Rachel Barton Pine, a primeira parte está aqui no link:
Helena - Você usa estudo mental?
Rachel - Bastante! Sim! Especialmente para memorização, acho muito útil. Mas mesmo para pensar a musicalidade às vezes. Você pode ficar tão distraído pela execução técnica, que as frases não saem tão bonitas quanto gostaria. Então ocasionalmente eu canto como quero tocar, ouço dentro da minha cabeça e só depois pego o violino e toco. Mas em termos de uma sessão inteira de estudos sem o violino, na maior parte é para memorização. E também tem muito trabalho de preparação sem o violino: estudar a partitura, escutar gravações, contexto histórico, ler sobre o compositor…
Helena - Isso aparece bastante no modo como você toca, todo esse estudo. Outro assunto: muita gente fala sobre estudar oito, dez horas por dia…
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Rachel Barton Pine e o naipe de violinos mais legal do mundo: os Segundões da OSM (oficialmente conhecido como naipe de segundos violinos da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo) |
Rachel - Gosto muito de falar sobre isso, porque acho que tem esse erro de concepção, de que se você quiser ser melhor tem que estudar mais horas. Em primeiro lugar: pessoas diferentes têm personalidades diferentes e tem gente que só consegue estar focada por um tanto de tempo. Honestamente, quando você está no palco aos 30 anos de idade, ninguém sabe e nem se importa se a primeira vez que tocou aquela peça foi quando você tinha oito anos de idade, 12, ou 15. Tudo o que importa é: você tem alguma coisa significativa para dizer com essa peça agora? E talvez a pessoa que aprendeu quando tinha oito anos não tenha desenvolvido isso. Então acho que se preocupar em ser o mais jovem ou o mais rápido não traz em si nenhum significado. E digo isso sendo uma pessoa que era, de fato, muito avançada quando era muito nova.